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Instituições e Poder - Direito e Psicanálise V
Se “o estatuto do inconsciente, tão frágil no plano ôntico, é ético” (LACAN, 1964/1988, p. 37), podemos interrogar, de saída, o título desta obra como acontecimento em ato do sujeito. O inconsciente não se refere ao ser, mas à hiância que cria sua condição evanescente em ato no mundo.
Da insistência da repetição, que esquadrinha a gramática do poder e se realiza sob as distintas figurações do Eu, a subtração do gozo marca uma fenda, um vazio de significação. É deste ponto vazio que uma outra escrita ética pode produzir a abertura ao novo, ao ex-sistente.
O real só se toma aos pedaços. Reorquestrar os modos de gozo assentidos pelo discurso em ação, exige uma resposta ética. “Ao que é propriamente da ordem do
inconsciente, – é que ele não é ser nem não ser, mas, é algo de não-realizado” (LACAN,1964/1988, p. 33-34).
Contingente, refunda a condição do desejo, desabrigando o gozo de seu envoltório institucional. Instituições e Poder, assim, sofrem uma rasteira do real quando, em corte, uma descontinuidade assinala o ponto de impossibilidade de sua materialização.
Eis a realização ética que convoca a responsabilidade do sujeito e a função do psicanalista. Como presença, o analista não reifica o ser, mas opera desde o coração da falta a ser. Desse ponto de onde pulsa o corpo e vivifica-se a língua sua operação clínica interroga as instituições e sua reincidência.
Ao leitor e à leitora que, desde a psicanálise, se questionam sobre os meandros do poder, sobre as vicissitudes dos arranjos civilizatórios nas instituições, esse livro se oferece como roteiro de desmontagem da cena que obstaculariza sua práxis. O que se dá, então, a ver?
Pelos poros, escorregam novos arranjos. Sua criação? Em ato, sempre por uma decisão ética, que responde a uma política. Para entender melhor essa conversa, só sentar com calma com a obra nas mãos...
Andréa Guerra
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