Um ponto no holograma: A história de Vidal, meu pai

A partir da vida de seu pai, Vidal Nahoum, o filósofo Edgar Morin traça a história dos judeus sefarditasNo dia da morte de seu pai, o filósofo Edgar Morin decidiu escrever um livro sobre ele. Vidal Nahoum foi um judeu sefardita, cujo antepassados remontam aos que muitos consideram o surgimento da cultura européia. Em 1453 o Império Bizantino é destruído. O Império Otomano suplanta-o e escolhe Constantinopla como capital, rebatizada Istambul.Quatro séculos de pax ottomanica reinarão sobre o Oriente europeu e mediterrâneo. Em 1492, depois da queda da Granada, o Islã é rechaçado da Europa ocidental e a Espanha impõe a judeus e muçulmanos o exílio ou a conversão. As dezenas de milhares de judeus que recusam a conversão ao cristianismo se espalharam pelo mundo. A diáspora dos sefarditas, os judeus da Espanha, espalha-se em pequenas doses rumo à Holanda, à Provença, mais amplamente rumo à África do Norte e sobretudo ao Oriente, Império Otomano adentro.Instalam-se nas cidades portuárias de Istambul, de Izmir e, principalmente, de Salonica, onde 20 mil deles desembarcam. Vidal Nahoum, pai de Morin, nasceu em Salonica, e atravessou as guerras balcânicas, a derrocada do Império Otomano, e as duas guerras mundiais. E é a partir de Vidal Nahoum e de Salonica que Edgar Morin traça um panorama dos judeus sefarditas.