Com uma carreira que se confunde com a própria história das ciências sociais no Brasil, Simon Schwartzman lança sua autobiografia.
Nascido e criado em Belo Horizonte, mas filho de imigrantes judeus — daí o “falso mineiro” —, Simon Schwartzman faz parte da geração de cientistas sociais brasileiros que se formou nos anos 1960, tendo vivenciado o golpe militar, o exílio, a ditadura e a abertura democrática, e que foi responsável pela modernização das ciências sociais no país, trazendo novas perspectivas para o debate da democracia, da pobreza, das desigualdades, da cultura, da ciência e
da educação.
Neste livro de memórias, o autor abre uma janela para essa época, percorrendo uma carreira que se confunde com a história das políticas públicas adotadas no Brasil e abre horizontes para uma discussão lúcida e embasada do nosso momento atual. Da experiência como bolsista do programa pioneiro da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Minas Gerais, de onde saiu parte importante dos nossos mais renomados cientistas sociais, demográficos e economistas, passando pela formação no exterior e pelo retorno como sociólogo, professor e articulista, até a presidência do IBGE, que exerceu de 1994 a 1999, Simon Schwartzman reconstitui as preocupações do período, as formas de atuação no campo das ciências sociais e a abordagem dada pelas instituições aos problemas brasileiros.
Um olhar retrospectivo honesto e revelador, que não apenas ajuda a refletir sobre temas como o ressurgimento do fantasma do fascismo, o racismo, a liberdade e os rumos da democracia, mas reitera o valor do conhecimento e da razão como os melhores instrumentos para lidar com os conflitos e as questões sociais.
