O sem-sentido do sintoma
Assim como Colombo navegou para o Ocidente porque a via para o Oriente estava fechada, e acreditou ter chegado à Índia quando, na verdade, havia encontrado algo maior e novo, Freud, ao encontrar fechado na consciência o caminho para o sentido do sintoma, abriu através da análise a rota do inconsciente e descobriu algo maior e novo: esse jogo entre significantes, letras e gozos em que consiste a causalidade psíquica. Mas a colagem sintomática não envolve sentidos. Isso não impede que sejam utilizados como ferramenta na experiência. Freud fez isso. E Lacan, com a une-bévue alheia ao sentido e à intencionalidade, quer «introduzir alguma coisa que vá mais longe que o inconsciente». Portanto, ele não faz da exuberante descoberta freudiana apenas um «jardim à francesa», mas também revela sua novidade radical, insuspeitada até mesmo para o próprio descobridor. (Excerto)
Torna-se uma ideia força em nossos ambientes lacanianos que, ao tomar o sintoma sob o ângulo do não sentido, ele passa a equivaler ao que Freud nomeia como «restos sintomáticos» e, portanto, como indecifráveis. Não se desconhece, por outro lado, que esses restos são produtos da extração do longo trabalho de redução da análise sobre a causalidade do sintoma. Isso quer dizer que, no transcurso da experiência, é «preciso tempo» para se atingir o ápice desse sem-sentido do sintoma. (Excerto do Posfácio, por Jésus Santiago)
Título: O sem-sentido do sintoma
Autoria: Gerardo Arenas
Coleção Interditos
Editora Scriptum
ISBN 978-65-88915-40-0
13,3 x 20,3 cm
145 páginas
