PARA QUE POETAS AINDA?

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Foi na tensão entre o literário e o político, entre a experimentação da linguagem e a experiência do cotidiano, da vida comum, que se inscreveu, desde as primeiras publicações, a hoje extensa obra poética e ensaística de Christian Prigent. Visando a “intervir no debate intelectual de [seu] tempo”, ele sempre associou a exigência de “encontrar uma língua” (Arthur Rimbaud) à de “falar contra as palavras” (Francis Ponge), recusando, assim, a poesia que o rodeia – “a poesia é inadmissível” (Denis Roche) –, para sublinhar três de suas referências poéticas mais recorrentes, talvez as mais fundamentais. Exigência ou recusa que, bem entendido, só se pode realizar para cada um por meio de sua própria língua e das línguas que a constituem e a atravessam. Em busca de uma língua, contra a língua, mas com a língua, eis uma fórmula que talvez sintetize com precisão o que seja o trabalho poético de – e para – Christian Prigent.

Nesse sentido, a obra de Prigent se inscreve sem hesitação na tradição da poesia francesa da modernidade. Pois o que passa a interessar muito especialmente à poesia desde ao menos a segunda metade do século XIX está ligado à sua maneira própria – ou às suas maneiras próprias – de interrogar-se sobre as relações e os limites que ela pode estabelecer entre o seu próprio trabalho sobre a língua e a experiência do presente. Sua(s) maneira(s) própria(s) de fazer falar ou de deixar falar a língua e o rumor da época, o rumor do mundo, do comum, dando-lhe uma forma mais ou menos problemática, e de, ao mesmo tempo, resistir, por essa forma mesmo, a essa língua e a essa época, a esse rumor, e, portanto, ao comum que ele veicula.