Em A Escrita da História, José Mattoso rejeita qualquer adesão completa aos Modernos, que impõem um sentido à História a partir de conceitos como “a emergência do Espírito, da Razão, do Progresso, da Liberdade, da Democracia, do Socialismo ou mesmo do Homem”, e aos Pós-Modernos que, como Lyotad, “demonstram a total dispersão de sentido, a heterogeneidade insuperável da linguagem”, ou proclamam “o incontrolável e o impossível como valores na sociedade actual”. J. Mattoso faz um outro percurso, procurando uma ordem, na rede dispersa dos fragmentos do real e da heterogeneidade do comportamento do homem, a que chama de Verbo, uma funda harmonia, um conjunto de secretas regras de composição, que subjaz “à espécie de fantástica sinfonia que é a História”. Indagando a natureza dos mecanismos da escrita da História, a sua busca estende-se ao tratamento dos Materiais e Temas que identificam, e caracterizam Portugal na Europa e, mais especificamente, abordam a História nacional, integrando nela a intervenção do “sagrado” e do “profano”, do “invisível”, que também estruturam a realidade.
