O poeta volta com um livro que se apresenta rigoroso, cuja linguagem poética estabelece como que um lugar de atritos, depois de praticamente dez anos. É por isso que no livro encontraremos uma postura cética, não propriamente negativa, mas, talvez, como expressão de um mundo a que se quer dar abrigo. Resta ao poeta e à poesia recolherem-se das indiferenças e procurarem um abrigo, mínimo que seja, pois, afinal, a poesia parece muito frágil diante do mundo contemporâneo. Por outro lado, ironicamente, ela é a força que se instala contra tudo, mesmo que o horizonte fique cada vez mais distante, como se lê em muitos poemas do livro. AO ABRIGO é um livro cujo lirismo cerrado expressa numa economia verbal e nominal a precariedade do sujeito que se vê diante de poucas saídas, mas é a partir delas (saídas) que se movimenta, ainda que minimamente.
