Não é mais novidade a editora Galileu, cuja morada é num apartamento em Londrina, onde seu editor, Jardel Dias Cavalcanti, quase que clandestinamente vem publicando raras e belas plaquetes. Quem já teve a oportunidade de emplacar uma edição sabe o quanto de capricho e entrega há nas publicações. Editar poesia é um ato de coragem e de voluntarismo e não menos carregado de certa paixão por esse gênero que sensibiliza, provoca e nos desloca dos nossos fatídicos comportamentos sociais.
Longe das planícies londrinenses, e perto das montanhas, que ainda resistem, a Editora Scriptum, que há anos corajosamente editou alguns poetas inéditos, se junta agora à Galileu, numa parceria para publicar poetas praticamente inéditos. É o caso da bela plaquete da poeta e artista visual Patrícia Burrowes, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Dizer que esses 13 poemas de Mar Oceano é parte de um conjunto maior de poemas é apenas informar ao leitor que essa tiragem limitada é uma prova da qualidade formal, áspera, provocativa, às vezes lírica, de uma poeta que observa o cotidiano de uma grande cidade sem se deixar povoar por meras descrições prosaicas sobre os artificialismos de uma sociedade covardemente narcísica. Muitos poemas e versos de Patrícia Burrowes incomodam pela maneira declarada de falar verdades, ainda que estejam no universo metafórico da poesia. Aliás, o leitor, no seu silêncio, poderá dizer que são isso mesmo essas “verdades”, mas mais que isso: que são verdadeiros poemas. Mar Oceano cobre e descobre ao mesmo tempo a leitura que se pode fazer de cada poema.
Vale ressaltar que as densas e fortes pinturas são todas da poeta, o que contribui para dar ainda mais beleza à plaquete. Mas quem sabe no futuro próximo as duas editoras não
publicam um livro dessa poeta e artista infelizmente ainda pouco conhecida. por Mário Alex Rosa
