PARATY, A CIDADE E AS FESTAS

O livro Paraty, a cidade e as festas tem como tema básico as festas religiosas ocorridas na cidade de Paraty ao longo do século XX, considerando principalmente seu significado para as pessoas que delas participavam.

Mas para entender o corpo social, que tinha nessas festas um elemento importante de articulação e construção da identidade, a autora traça um breve histórico de Paraty, cidade que se tornou um dos emblemas da nacionalidade ao ser alçada à categoria de patrimônio histórico do Brasil.

Recorrendo principalmente a informações publicadas na imprensa local, no intervalo compreendido entre fins do século XIX e do século XX, e a entrevistas feitas com alguns paratienses, o livro traça um retrato da vida cotidiana da cidade, nesse período, e um panorama das festas considerando as transformações pelas quais elas passaram. As tensões entre tradição e mudança perpassam toda a narrativa integrando vivamente a história do lugar até os dias que correm, como nos mostra a autora.

Outro aspecto destacado pelo livro é o valor da cultura local que, a partir de determinado momento, foi percebido como um bem a ser oferecido. Esse dado se confirmou com a escolha de Paraty como pólo de turismo cultural, no âmbito das políticas públicas em vigor.

Escrito há quinze anos, quando a cidade era bem diferente do que é hoje, o livro, num prisma em muitos aspectos premunitório, apontou direções que se concretizaram e deu voz à sociedade local tanto pela fala dos informantes quanto pelo texto dos articulistas dos jornais, utilizados como fonte para a reconstrução do passado de Paraty.

Marina de Mello e Souza é professora do Departamento de História da Universidade de São Paulo e doutora em História Social pela Universidade Federal Fluminense.

Dedica-se, no momento, ao estudo da África, em especial à atual região de Angola, no espaço de tempo compreendido entre os séculos XVI e XIX. O foco de suas pesquisas mais recentes tem sido as formas como as sociedades africanas incorporaram o catolicismo nesse período, assim como o estudo das várias histórias locais.

Durante os primeiros anos da vida profissional, atuou na área de cultura popular lidando especialmente com cultura material.

Publicou artigos em revistas especializadas e de divulgação e participou de coletâneas brasileiras e estrangeiras.

É autora dos livros Reis negros no Brasil escravista e África e Brasil africano, com o qual ganhou o prêmio Jabuti 2007, na categoria didáticos e paradidáticos.